Neste ano de 2011, me foi lançado um desafio muito importante: educar um menino lindo chamado João, de 5 anos, portador da síndrome de Down, na turma de 20 crianças de jardim.
João, recentemente fez cirurgia para recuperar a audição, até então não escutava, ou escutava muito pouco. Faz uso de óculos e utiliza pouco a linguagem oral para expressar-se, muitas vezes balbucia para fazer-se entender. Faz uso da fralda para realizar seus esfíncteres, pois por motivos orgânicos, que estão sendo investigados pelos médicos, não consegue controlar suas eliminações.
João é muito amável e querido por todos. Distribui beijos carinhosos e é muito sorridente também. Adora correr, jogar bola, tocar bateria nos banquinhos da sala, brincar com os carrinhos, explorar materiais concretos, como as tintas, a argila, a massinha, a cola e as sucatas. Inicialmente participava das rodas como ouvinte, assim como das rodas cantadas, agora já colabora, tocando seus instrumentos e dá boas risadas, me chama dizendo pô (prô - professora) e bate palmas pedindo mais cantoria.
Não podemos dizer que o trabalho do dia-a-dia seja fácil, não, exige muita dedicação. No entanto, com os avanços médicos e educacionais de hoje, os antigos mitos e estereótipos, que tanto privavam as crianças com síndrome de Down, deram lugar a fatos e expectativas crescentes.
No Brasil, estima-se que a cada 650 ou 700 crianças, uma é portadora de síndrome de Down.
Acredito que com o auxílio de intervenções precoces na infância, melhor educação e maior aceitação social, e aqui ressalto a importância da INCLUSÃO na escola, as crianças com esta síndrome estão se desenvolvendo em níveis cada vez mais altos.
Não tenho dúvida também, que a base que possibilitará a criança com síndrome de Down desenvolver-se como adulto capaz e feliz, começa justamente na EDUCAÇÃO INFANTIL, onde inúmeros estímulos são oferecidos às crianças, proporcionando-lhes aprendizagens e habilidades tão significativas à elas e às suas famílias, que estarão mais seguras também. É nesta fase, inclusive, que elas começam a buscar a autonomia e a auto-confiança.
Para trabalhar com João, neste ano, utilizo como suporte/subsídio, além dos cursos de graduação em Pedagogia e Especialização em Educação Infantil, algumas bibliografias importantes, cito uma delas: "Crianças com síndrome de Down - Guia para pais e professores'", de Karen Stray, da Artmed.
Adoro ser profe do João, da Laura, da Amanda, do Victor, do Lucas, do Carlos Vinícius, do Edson Vinícios, da Lívia, do Higor, da Ingrid, do Yuri, do João Pedro, da Júlia, do Ygor, do Guilherme, do Rafael, do Davi, do Erick, da Érika e do Luiz Fernando.
Na nossa turma, SER DIFERENTE É NORMAL!!
Nossa música:
" Eu sou diferente de você,
Você é diferente de mim.
Eu sou diferente de você
E mesmo assim...
Você vai gostar de mim!!!"
Beijocas, Sandra.
